Quem escreve



Quem é essa que tanto escreve?




  Descrever-se é quase tão impossível como contar cada gota do oceano. Quase tão impossível como contar todos os átomos existentes em nosso planeta. Quase tão impossível como dizer quantos humanos já viveram em nosso planeta.
  Seu nome é Grabrielle, ela tem 17 anos. Naturalmente tem olhos castanhos tão profundos e escuros que às vezes parecem negros. Seu cabelo um dia já foi castanho escuro. Mas ela, por ser tão interessada por mudanças resolveu pintá-lo há 6 anos atrás de loiro. Desde então, nunca mais foi o mesmo. Alguns dizem que sua pele é branca, outros acham que ela tem um leve tom bronzeado em seus braços. Ela? Bom. Acredita ser amarela. Sim, amarela e nada além disso.
  Uma de suas grandes paixões é a literatura. Seus familiares, amigos e conhecidos enxergam nela um vício infindo. Mas ela não vê sua paixão desta forma. A leitura é uma extensão do que ela é. Quando alguém a apresenta: "Essa é a Gabrielle", a leitura é inclusa instantaneamente. Ler faz parte de quem ela é. Faz parte do minusculo ser humano que habita este planeta há 17 anos. E isso, para ela, é bom. É uma das raras coisas nela que a agrada verdadeiramente, que a faz acordar pela manhã e sorrir, que a ajuda com viagens longas e a se esconder dos problemas. É única forma que tem para viajar até outros continentes e respirar novos ares.
  Seu inicio na literatura deu-se muito nova. Graças a sua mãe que, sem tempo para brincadeiras, lia para ela antes de dormir e durante as visitas frequentes da filha ao seu trabalho. As lembranças mais felizes de sua vida são norteadas por estes momentos.
  Sempre foi uma menina de muitos sonhos, porém quando ela cria muitas esperanças a fatídica realidade sempre corta-os como se fossem um tipo de veneno em seu coração, espalhando-se por suas artérias e criando um tipo de monstro feroz, malvado, cativo chamado: ilusão.
  Mas ela não desiste. Sonha. Sonha feito criança. Ainda guarda a boa e velha esperança escondida dentro de uma caixa trancada a sete chaves em seu peito, também conhecida como coração. Ela sabe que se desistir de sonhar, se deparará com a dura realidade da vida e perceberá que o mundo não é tão colorido e especial como ela o vê.
  Todos a conhecem por sua alma de criança. Aquela que quase sempre sorri, que brinca, que se emociona fácil e se encanta com as coisas pequenas e simples da vida. Às vezes ela vê isso como um de seus maiores defeitos. Pois é através de sua alma de criança que as pessoas conseguem uma chance para tentar domá-la. Dominar seus sonhos, ideais, expectativas... E isso lhe dá medo. Tem medo de ser domada, controlada, fadada a seguir eternamente uma ideia mecânica e falha.
  Ter medo é seu pior defeito.
  Acham graça quando ela revela ter medo de palhaços, pombos e aranhas.
  Sim, são medos bobos. E ela prefere revelar estes a contar os outros medos. Aqueles que a deixa com insônia, a faz voar durante as aulas chatas e a faz chorar durante o banho. Ela tem medo de não ser forte, corajosa, poderosa o suficiente para encarar a vida. Ela tem medo do mundo. Afinal de contas é somente uma pequena partícula humana que habita-o. Um minúsculo ser sem importância que serve apenas para ocupar espaço. Tem medo da humanidade. Sim, da humanidade. Pois ela pode ser boa o suficiente para criar as coisas incríveis pelas quais ela se apega e ao mesmo tempo terrível para arruinar o que criou. Mas, além de tudo, tem medo da vida. Viver é uma enorme e confusa responsabilidade. Viver trás riscos, despesas, sentimentos terríveis que a faz questionar constantemente o porquê de Deus permitir que os humanos ainda vivam.
  Mas ela quase sempre vence as batalhas que estes medos proporcionam em sua vida. O que a faz vencer? Sua fé. Ah, sua fé. Desde que se conhece por gente, a fé no Criador esteve lá. Muito nova já carregava sua adoração protegida em seu coração junto de sua fé e amor por Cristo. A promessa que Ele deixou é a principal coisa que a motiva a viver. Ele sofreu na cruz por nós. Deixou-Se ser apanhado, machucado, humilhado para que nossos pecados fossem perdoados e nosso lugar ao Céu reservado. É nisso que ela acredita. Todos na terra desde o ventre da mãe possuem um lugar no céu, porém cabe a eles zelar por ele. Ela gostaria de ter um coração tão puro como o do Criador. Para perdoar os outros, compreender os erros inevitáveis da humanidade e aceitar, sem rebater com raiva, as humilhações que a vida proporciona. Ele é seu grande exemplo de vida.
  Entre tantas outras coisas, Gabrielle é, principalmente, defensora. Apesar dos medos que a perseguem constantemente, ela não abre mão de defender sua ideia, mesmo que pré-conceituosa. Não teme quando abre a boca para dissertar durante minutos e mais minutos sua opinião e defesa em relação a tudo e todos. É, talvez, uma das pouquíssimas coisas que ela não teme fazer. E, às vezes, faz de forma irracional, precipitada, exasperada, revoltada. Pois uma das coisas que não aprendeu a fazer ainda é controlar seus sentimentos. Não sabe dar um basta na raiva, tristeza, irritação e não sabe controlar sua felicidade, amor, alegria. Ela é quase feita por completo de sentimentos.
  Gabrielle é falante. Ah, sim. Muito falante. Mesmo que esteja sendo consumida por temores e sentimentos tristes, ela esconde-os com feições alegres e fala sobre coisas banais para disfarçar e tentar transformar seus monstros internos. Mesmo em seus piores dias, ela fala. Mesmo que fale pouco, mesmo que sejam frases monossílabas... ela fala. E isso é bom. Pois é através das palavras que ela derrama seus sentimentos contidos, transformando-os em sons maquiados para parecerem coisas boas. Porque dificilmente ela chora. Não digo chorar, como ela costuma chorar quando lê livros emocionantes ou assiste a filmes comoventes. Digo chorar. Sim, aquele chorar triste, desesperado, descontrolado que foge da racionalidade e faz todo seu ser querer explodir em lágrimas. Aquele chorar que te derruba e rouba suas forças para nunca mais devolvê-las. Esse chorar. Ela não chora mais.
  Por fim, é revelado agora um de seus maiores segredos. Ela gosta de ficar sozinha. Seja em seu quarto, enquanto vaga pela rua, dentro de um ônibus, na sala de aula... Ela não se importa de ficar sozinha. Pois só assim ela consegue pensar de verdade. Consegue perceber coisas que, enquanto com os outros, não enxerga. Ela não sente medo ao ficar solitária. Sente uma estranha felicidade, pois sabe só com o silêncio ao exterior um finito e alto barulho pode formar-se dentro de si, trabalhando de forma desorganizada e louca, formando o indivíduo que ela é.
  Sim, essa é uma pequena fração do que Gabrielle é. Pois é é muito mais do que isso, mesmo às vezes não querendo ser.
  Mas é.
  Isso é Gabrielle.
  E basta.


Espero que curta os meus, seus, nossos Rabiscos na neve!



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